Intenso, verdadeiro e cruel.
- oneprince.
- 14 de set. de 2015
- 4 min de leitura
É uma gozação sem fim. Um gozando na cara do outro. Virgens se fodendo e continuando virgens. Vivos se suicidando e continuando “vivos”. Um trepa aqui, outro goza ali. Um se masturba dali, e outro goza. Dobrei a esquina sentido náuseas, eu não pude evitar. Tudo saiu pela boca. Tive alucinações, eu podia ver borboletas voando e colorindo um mundo preto e branco. Saí do bar sóbrio pensando em gozar e o prazer que isso me daria: gozei sobre as ereções que a vida proporcionava. Não deu certo. Eu queria gozar sobre as borboletas mortas, elas poderiam renascer? Eu gozei escovando os dentes, tomando banho. Eu gozei na coberta, no travesseiro. Limpei-me, mas continuo sujo e sendo perseguido por esses zumbis-borboletas. Elas me liquidaram. Me fizeram de escravo. Eu sofri, tive prazer, gostei, não gostei. Aprovei e desaprovei. Sofri, mas sempre gostava. Gostava porque gozava. Tudo leva ao fim mais miserável possível: o orgasmo. A chama colorida não se manteve por muito tempo. Era o esperado. Mais e mais borboletas perderam suas asas e suas cores. Morreram. Eu sou o culpado. As algemas, por favor. Leve-me. Gozo. Parece que o túnel sempre leva ao um mesmo lugar. Gozo. Estou enlouquecendo sem amor. O que sou sem o amor? No que serei bom se eu não puder amar? O que será de mim se eu me afogar em tristeza e gozar? O que está havendo comigo? Eu preciso de amor. Eu quero fugir. Gozo. Preciso me limpar. Tomar banho. Tudo está infectado. Eu posso sentir. O sofrimento está em tudo, como um gozo noturno e cotidiano.
Tá me gozando? Eu não sou quem você pensa que eu sou. Eu não sou fraco. Gozo. Sofro. Você não me controla. Meus sentimentos não são seus. Gozo. Choro. Bato. E gozo. Transo e continuo virgem. Sou de gêmeos. Não faz sentido. E alguma coisa faz? Algo já fez sentido? O que é sentido? Gozo e gozo e gozo e gozo. Gozo sobre as lembranças, sobre as fotos dela. Gozo por pensamento. Tudo está uma loucura. Isso é insano? Tá confuso. Tá estranho. Sofro. Sorrio. Abro a boca. Calo-me. Grito, ninguém me ouve. Ninguém me entende. Me apedrejam. Me abandonam. Eu não mereço isso, mereço? Por que não me escolheu? Eu não fiz nada de errado. O meu coração pediu mais uma prova e eu dei. Eu sei. Ninguém entende. Eu precisava ter mais uma prova que ela não me ama mais. Que ela não sente mais a minha falta. Gozo. Sofro. Sorrio. Assisto, me identifico. Não fico louco. É normal sentir medo. É normal amar alguém. Sofrer por alguém. Ser enganado por alguém. Pedir e pedir e pedir - mais vezes do que se pode contar – por uma nova chance.
Gozo. Choro e gozo. Sofro. Logo, enlouqueço. Me internam. Fico melhor. Vejo-o, volto. Sou internado por querer tanto e não conseguir. Sou internado por amar tanto que não consigo ver que estou me destruindo. Eu me mutilo. Eu morro todos os dias. Cada esquina é uma facada e logo, gozo. Logo, esqueço. Logo, sofro. Choro e gozo. Comum, como deve se sentir uma pessoa comum? Como é viver uma vida gozando de verdade? Trepando de verdade? Beijando de verdade? Sorrindo de verdade? Como é viver? Eu lembro, vagamente. Eu lembro. Eu escrevia sobre. Lembra? Era bonito. Surreal. Meloso. Apaixonante e delirante. Era bom. Era tudo que qualquer pessoa busca. Gozo, sofro. Gozo. Eu queria amar novamente. Eu queria me limpar desses históricos sentimentais como se limpa de uma gozada. Eu sei. É cansativo. A preguiça quase domina. O prazer quase fala mais alto. Porém, a sujeira grita. Ela quer que seja removida do seu corpo, do seu travesseiro, do chão do banheiro. O sofrimento também quer? Todas essas queixas ao médico também querem serem limpas? É por isso que não me livro dessa tralha? Elas já me habitam? Quando vence o aluguel? Eu quero um advogado. Perco, novamente. Quanto tempo resta? Quanto tempo vou ter que aguentar ainda? Quanto tempo ainda vou ter que encarar os fantasmas do passado e dizer que não estou com medo? Que eu estou bem? E se não estou, que eu vou ficar bem? Quantas vezes eu vou ter que mentir ainda? Sofro. Gozo. Quantos espermatozoides ainda vão ter que disputar corrida entre o ralo até a entrada do esgoto? Até quando vou fazer sexo e continuar virgem? Até quando vou precisar ver vídeos pornô? Até quando vou precisar ser quem eu não sou? Até quando meus sentimentos por ela serão maiores do que eu? Maiores do que meu pênis? Até quando o mundo vai se esconder nas minhas costas e eu vou ter que fingir que nada está acontecendo? Que nada está me machucando? Que nada me afeta? Que nada mudou entre nós? Até quando vou deixar o meu orgulho estragar a nossa amizade? Até quando vou carregar essas malas de mágoas? Esse corredor não tem fim. Não vejo luz, só vejo escuridão. Só vejo você. Você é responsável por toda essa escuridão que me cerca e me abate. E eu, sou responsável por deixar alguém irresponsável me dirigir, me despir. E por fim, me transformar nesse ser depressível e irreconhecível aos olhos dos meus amigos. Eu sou um impostor. Eu não deveria estar aqui, viver aqui.
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