Duas vezes culpado.
- oneprince.
- 7 de out. de 2015
- 2 min de leitura
Tô orgulhoso de mim. Eu finalmente consegui fazer algo que, por meses pareceu ser impossível. Eu sei que nada disso teria acontecido se não fosse o tempo e principalmente, se não fosse ele. Isso não significa que estou bem e não significa que estou aos trapos. Não tem um significado. Estou anestesiado por hora. Estou vivo. Tenho um coração. Tenho amor. Tenho vontade, mas não tenho o principal: ele. Sem contar a esperança. Ela sempre tá ali, intacta, fazendo o seu papel. É impressionante a vontade que tenho de matá-la. De aprender de uma vez por todas que a esperança é uma forma que os sentimentos encontraram para nos torturar. Isso explica porque ela é a última que morre. Ela está sempre brincando com o que sinto, ela está sempre ali, mostrando que existe esperança entre eu e ele. Esperança é uma droga quando não se tem mais o que esperar. Não, eu não te culpo, Esperança. Não culpo mais ninguém. Nem a mim, acredita? E muito menos Deus, deixo Ele de fora dessa vez. Estamos todos aqui fazendo os nossos papeis, certo? Eu tenho o meu e, eu acho que estou indo muito bem. Nem preciso comentar sobre a esperança, né? Ela realmente está fazendo muito bem o seu papel de morrer por último. É a vida, entende? Fazemos parte deste mundo estúpido e dessa galáxia extraordinária e desconhecida. Não há como fugir deste universo, não há estrelas que nos suportaria. Nós destruímos tudo que tocamos e todos que atingimos com nossas emoções, nossas palavras, nossas atitudes. A responsabilidade é nossa, mas a culpa, de quem é a culpa? Quem vamos culpar? Precisamos culpar alguém. Temos essa necessidade infantil de procurar culpados para que possamos nos sentir melhor, mas na verdade, os culpados somos nós e todas as vezes que apontamos na direção de alguém para culpar estamos condenados a sermos culpados, duas vezes culpados. Precisamos de uma vez por todas aceitar que nossos erros pertencem somente a nós e que não há ninguém além de nós mesmos para culparmos. Fazemos o nosso melhor, entende? Eu dei o meu melhor e vou continuar dando o meu melhor. É isso que sou, faz parte de mim. Eu estou livre da culpa, mas não dele, eu ainda pertenço a ele e não há um culpado. A esperança? Só está fazendo o seu papel. Ele? Também. Deus? Sei lá qual é o seu papel, acredito que Ele esteja cumprindo-o corretamente e a que ponto eu quero chegar? Eu não sei. De certa forma, eu me sinto culpado por não ter uma vida boa, por não ter seguido com os planos que foram feitos pra mim. Deve ser isso: eu sou culpado. Eu estraguei a vida que ganhei e principalmente, eu estraguei a vida dele e isso é algo que eu nunca vou esquecer.
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