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Farsa.

  • oneprince.
  • 2 de dez. de 2015
  • 2 min de leitura

É difícil manter a cabeça erguida. Ser social. Saber falar e agir com as pessoas. Manter as aparências e a boca fechada. Eu tento, sempre que posso, sempre que ouço, sempre que vejo. Tento ficar no canto, não aparecer tanto, mas também não ficar tanto no canto ao ponto de não notarem a minha presença. Digo coisas idiotas, busco usar referências e sempre estou sorrindo. Ouvi dizer que sou interessante, calmo e bonito. É que eles não me conhecem. Eu não passo de um ser desprezível e normal que tenta ganhar a vida escrevendo poemas que nem sempre são poemas, porque, o que é um poema? Quais palavras devo usar para somar e não diminuir? Como faz para crescer sendo que só diminuo?


Ando de cabeça erguida, observo o céu e passo a mão pelas folhas das árvores. Nem sempre consigo viver um dia de cada vez. Ás vezes, nem agradecer pelo o dia que passou sou capaz. Sou um caldeirão de sentimentos e decepções. Toda vez que estou transbordando, acabo derramando um pouco aqui e ali. Não gosto muito. Sinto-me frágil. Aliviado e em dívida.


Ás vezes bate aquela vontade de desistir dos sonhos que nunca alcançarei. São mais do que posso contar, mas só consigo lembrar-se de dois, três.


Tornei-me escravo da madrugada e do prazer momentâneo. Sinto vontade de transar com qualquer um e morrer a qualquer hora. Não vejo mais motivos para orar, mas sempre que lembro, oro pra ver se melhoro. Corto relacionamentos amorosos, mas sempre estou à procura de agulha e linha para costurar o buraco que tem no meu peito. Os olhos pesam, a boca pede por mais liberdade, o coração se fecha, a mente implora para ser esvaziada e eu durmo e esqueço novamente de orar, agradecer e pedir mais uma vez para Deus me levar.


Sou uma fraude, uma repetição de sentimentos e palavras que querem dizer mais do que sou capaz de roborar.


 
 
 

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