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Números.

  • oneprince.
  • 10 de dez. de 2015
  • 2 min de leitura

As ondas de palavras se chocam contra os muros de contenções. Elas querem invadir. Por dias, lutam em silêncio e calmaria. Quatro a cinco vezes por mês resolvem se rebelar. Queria eu, ser uma onda de palavras. Ter a imensidão de um dicionário e poder afundar os meus sentimentos na profundeza de um vocabulário formal. Ah, palavras, como eu queria ter a sua habilidade de ferir, saber usar e abusar dos sinônimos e antônimos como você faz. Quem sabe, crescer e obter a capacidade de machucar e destruir todos que estivessem na minha frente e depois recuar como se nada tivesse acontecido. Três vezes. É quantidade de vezes que as ondas de palavras me arrasaram nessas últimas 48 horas. Palavras brutalmente escolhidas e ditas em voz alta ecoam pela minha mente, perturbam a minha audição, enviam imagens de rostos para os meus olhos quando se fecham e batem na porta do meu coração. Cinquenta e sete vezes. É o número que não bate com o relógio, mas é o resultado da conta de mais que faço para saber quantas vezes eu já o vi na minha frente. Ondas de palavras não ditas e de atitudes não tomadas que me rompem do meu estado vegetativo. Tenho visões de como seria se eu não tivesse o abandonado. Não são boas e nem ruins, são inexistentes. Criadas por alguém que desistiu da vida, que tenta de todas as formas se livrar das lembranças de outrora, que despiu o seu guarda-roupa e que morre de arrependimentos: eu deveria tê-lo beijado mais, o abraçado mais, ter dito mais vezes que eu o amava, eu deveria ter sido melhor do que fui. Ah, palavras, como eu queria me afundar em uma de suas ondas, fechar os olhos e ter aquele 1 minuto de incompreensão e irrealidade.


 
 
 

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