Dia infernal.

É, Deus. Não tem como negar. É Natal. É, Deus, esse ano foi uma merda. Tive algumas conquistas, todavia, perdi mais batalhas do que posso contar. Pensei em desistir mais vezes do que uma calculadora possa calcular e definitivamente, me reergui todas vezes querendo não ter seguido esse caminho. É, Deus, te xinguei, te desafiei e provavelmente não pararei com isso neste novo ano que está chegando. Eu te aceito como você é e você me aceita como eu sou: Um projeto fadado a falhar. É, Deus, é a hora dos pedidos: Eu queria muito sossegar o peito, aquecer o coração com amor-próprio e arranjar um trabalho de merda, que precise usar uma máscara do Homem-Aranha para não ter que expor a civilização do ocidente mais uma face de um derrotado. É, Deus, que esse ano eu mantenha a boca mais fechada e que eu pense muito bem antes de falar qualquer coisa. Que eu tenha calma e que eu seja sempre gentil. É, Deus, estou aguentando firme e forte. Como posso e como me convém. É, Deus, eu vou ter que pedir: Por favor, converse com ele por mim. Queria muito me desculpar por ter fingindo que ele não existia quando eu queria gritar: Eu te conheço, você é o meu grande amor. Eu queria me desculpar e perguntar se ele ainda quer ser meu amigo. Eu queria dizer a ele que sinto a sua falta e que gostaria de um abraço. Queria lembrá-lo que meu aniversário é dia 20 de junho e que gostaria que fizesse um texto pra mim. Que, por ele, eu suportaria a ideia de ficar mais velho e sisudo. É, Deus, não quero e nem preciso de muitas coisas. Só quero que este ano que está vindo eu tenha paz. Que eu não use a minha cara de derrotado toda vez que eu sair de casa. Que meus amigos voltem a se falar como antes. Que os tempos de guerras acabem. Que as lágrimas parem de escorrer. Que a felicidade apareça mais vezes batendo em minha porta e que eu consiga escutá-la. É, Deus, posso ser uma pessoa horrível, mas eu consigo me lembrar dos momentos em que eu estive feliz. Então, obrigado.