Tempestade.

Não tenho ninguém para desabafar. Não quero contar nada a ninguém. Quero contar tudo o que se passa dentro da minha mente. Eu não quero precisar de alguém. Como eu queria te contar sobre os meus planos de suicídios; sobre todas as vezes que estava no alto da ponte e me imaginei caindo. Eu quero te contar todas as coisas que se passam despercebidas quando você fala comigo. Não paro de escutar Stand By You, estou relutando para assistir mais episódios de The Big Bang Theory e já posso sentir falta do ano que passou. Estou com fome. Não consigo comer. Na hora que coloco a comida na boca, a fome passa e dez minutos depois eu estou reclamando que estou morrendo de fome. Momentos felizes que nunca existiram passam pela minha mente. O céu nublado é como um desenho colorido pra mim. A chuva já não tem mais um significado negativo e eu continuo criando paranoias cada vez mais bizarras. Eu queria te contar que sonhei que eu morava sozinho e conseguia me sustentar. Eu queria te contar como os meus dias estão sendo terríveis, mas eu não consigo. Não posso. É muita coisa besta. Pra mim tem uma importância tremenda, todavia, quando eu as digo em voz alta parece algo tão ridículo que eu me pergunto: eu estou sofrendo por esse motivo? É realmente por isso que estou sofrendo? Não pode ser. Prefiro não contar; prefiro tentar suportar essa dor; aguentar essa vontade de arrancar todos os meus cabelos da cabeça por não saber o que fazer; que raiva que eu tenho de mim. Não tenho ninguém para conversar. Não tenho ninguém para me orientar. Não tenho mais ninguém a quem posso confiar. Não quero mais nada com ninguém. O mundo me engoliu tantas vezes que já não sei se sou mundo ou humano.