O que eu sou?
- oneprince.
- 3 de fev. de 2016
- 2 min de leitura
Eu acho que sou uma das poucas pessoas que não tem problemas com filas. Porque eu sei que uma hora a minha vez vai chegar. Eu posso ver. E quando há distribuição de senhas? Pelos santos, é magnifico. A certeza de que você vai ser atendido é quase absoluta. Eu não deveria estar em pânico. Eu deveria estar calmo. Talvez, eu esteja achando que aquilo vai ser um pandemônio porque 1) eu não queria estar lá 2) eu não queria de jeito nenhum estar lá 3) sério? Eu preciso ir? Mesmo? Eu não sei o porquê desse medo, desse receio idiota. Aquilo não é atendimento de hospital público. Eu serei chamado. Vai ter uma fila lá. Haverá senhas. Será uma manhã com grandes certezas, mas… eu não quero viver desta forma. Não gosto do jeito que estou sendo arrastado para o abate. Cadê os doces? Que horas sai a sobremesa? Quando é que vão me trazer o Açaí? Cadê a Tapioca? Eu não tenho nenhum apreço pela minha vida. Ás más línguas diriam para me colocar no lugar de pessoas que estão em estado terminal, mas eu me pergunto: por quê? Por que sempre tem que enfiar fulano, ciclano ou beltrano na história? Por que tem que levar isso tão a sério? Leve na brincadeira. Goze no que escrevo; no que digo. Não importa o que você faça, eu não vou achar graça em viver. Ás vezes, quando me sinto infinito, bate aquela vontade de ser eterno. Todavia, nem sempre me sinto assim. Neste momento, estou prestes a ser vendido. É, a vida pode ser comprada. E nós a vendemos. Ela é vendida em qualquer lugar. Nem a Bíblia é capaz dessa grande artimanha. São tempos complicados, mas abençoados, pois o álcool causa cirrose. O cigarro causa dependência e câncer de pulmão. Há alimentos que são cancerígenos. De alguns, a vida é tirada aos poucos; já de outros, em um piscar de olhos. O que é a vida? É irônico dizer que ela é uma joia rara. É irônico dizer que devemos resguardá-la. As drogas licitas são a forca de outrora. Não entendem o que está acontecendo? Alguns querem exterminarem; outros querem serem exterminados. O inconsciente, mais uma vez, se cala. Estou longe de ser o solucionador. Estou mais para o causador do caos. Eu queria me enturmar como a maioria se enturma. Eu queria mesmo. Eu queria ir lá, criar uma rotina que nem robô. Entretanto, eu não sou a droga de um robô. Eu sou um maldito ser humano que reclama do que tem e do que não tem, que faz cagadas uma atrás da outra, que acha que a escravidão sofreu uma atualização e que viver é como ganhar o Jogo da Vida naquela roleta ridícula.
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