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Alô?

  • oneprince.
  • 22 de fev. de 2016
  • 2 min de leitura

Deixe-me. Saia do meu corpo. Suma da minha mente. Desabite o meu coração. Leve suas tralhas contigo. Não se esqueça das suas palavras amargas. Arrume tudo. Deixe tudo no lugar em que estava. Se possível, me remonte. Eu sei que você me quebrou. Não deixe-me como o sol. Não seja mais uma vez arrogante. Se for para ir embora, que vá. E que a ideia de voltar não seja nem cogitada. Apenas, deixe-me. Mas não deixe-me como os dinossauros fizeram. Não deixe pistas de sua existência enterradas dentro de mim. Eu sei que vou cavar. Posso não ser um bom arqueólogo, mas sou um bom curioso. Eu sei que se eu cavar, eu vou sentir. Vou sorrir como um cego sorriria se fosse ver pela primeira vez o céu e as estrelas. Eu sei disso. Eu sei também que depois eu choraria como uma mãe chora quando perde o filho: descontroladamente e passivamente. Já a dor que eu sentiria não pode ser comparada, nem exagerada. Apenas sentida. Eu quero que parta do meu corpo, hospedeiro de merda. Eu digo que você não é bem-vindo. E repito. Meu cérebro tem acompanhado a sua partida por meses. Há uma festa programada. É só notarem a sua ausência que fogos de artifícios se colidirão fazendo um espetáculo de cor, de aleluias e glórias. Eu tenho uma fome para saciar. Então, vá. Parta. Quero ser transbordado por alguém competente. Por favor, retire-se do meu corpo. Meu coração não é um jogo do Sonic para ficar te dando novas chances sempre que desperdiça uma. Minha mente não é uma botão de repetição para a lembrança que te amo ficar se repetindo e repetindo várias e várias vezes por segundo. É o melhor pra mim. O melhor para você. O pior para nós.


 
 
 

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