Grande coisa.
- oneprince.
- 2 de mar. de 2016
- 2 min de leitura
Os olhos pesam como pianos. Mãos exaustas descansam sobre o teclado como discos em vitrolas. Engarrafamento é a minha mente em dias de insônia. Rosto encharcado de caretas, expressões e vazios imensuráveis. Gozei sobre a tristeza que me respondeu com desdém. Iludi-me com segundos de prazer para sofrer por horas pela a minha incapacidade de estar bem. Coço a testa. Juntos as mãos. Separo-as. Junto-as. A cabeça explode. Eu sinto um desconforto quase insuportável passando pelas minhas veias na testa. Eu posso, com um frasco, engarrafar a dor. Eu sei que ela faz parte de mim; já é um órgão com funções e necessidades. A dor percorre as minhas entranhas e se afoga em minhas lágrimas que estão isoladas em algum lugar deste estranho corpo que aguardo. Meus olhos retem água como uma esponja. Acumulam sal como um oceano. Minhas mãos não sabem o que fazer. Elas não sabem se apoiam a minha cabeça, ou se a conforta, ou se a ajuda a libertar-se, do que curiosamente, tento redigir. Há uma solitária dentro de mim. Há prisões do lado de fora. Estou trancafiado em uma casa. Esquecido em um quarto. Rezando para ser lembrado. Tem um homem dentro de mim. Ele está enfrentando uma batalha. Ele quer porque quer vencer. Ele quer porque quer ser tocado. Falta pouco para os olhos sentirem o peso de uma pena de gavião. Falta muito para esquecer o que passou. “O tempo não para”, cantava Cazuza. Quem me dera estar funcionando como um relógio e passando os dias como um calendário. Eu estacionei em algum lugar do passado e não sei onde fui enfiar a maldita chave do carro. Desde então, venho sofrendo como um cachorro abandonado. É, Cazuza, o tempo não para.
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