Vi ele.

Eu vi ele. Com aquele shorts azul. Aquela camiseta branca listrada. Cara de sono. Cabelo recém-cortado. Não resisti. Sorri. Vi ele. De uniforme, mochila e cabelo arrumado. Ele estava com aquele sorriso. Com aquele rosto. Vi ele. Fiquei de pernas bambas e coração acelerado. Eu vi ele. Camisa de coraçãozinho. Calças jeans. Preta. Apertada. Tênis esqueitista. Não aguentei. Corri para os braços dele. Eu vi ele. De longe. O imaginado perto. Mente enlouquecendo. Sonho virando realidade. Eu vi ele. Ficando distante. Tornando-se distante. Eu vi ele. Correndo. De mim. Fugindo. De mim. Eu vi ele. Criei ideais de relacionamentos. Fórmulas de como conviver comigo. Tive ideias de lugares para nos vermos. Imaginei um mundo perfeito. Eu vi ele. Surgiu paranoias. Quis me esconder para que ele pudesse me ver. Eu vi ele. Shorts preto. Camisa azul. Eu vi ele. Veias saltadas. Joelhos a mostra. Pintinhas se exibindo. Coração escancarado. Eu vi ele. Escutando a minha oração. O meu pedido a Deus. Eu pedi para que Ele o assassinasse. Que Deus o matasse de dentro de mim. Que Deus pudesse me fazer esquecer que um dia, eu senti tudo o que sinto. Eu vi ele. Quis chorar. Quis morrer por amor. Quis me matar por ele. Quis gritar. Eu quis demonstrar todos aqueles sentimentos que não demonstrei quando estávamos juntos. Eu vi ele. Sorri apaixonadamente. Ele me viu. Sorriu como se eu fosse o mundo dele. Seus lábios quase se encostaram no meu rosto como os meus quase se encostaram no seu. Passei por ele. Sorri. Morri. O desejei. Olhei para trás e não vi mais ele. Eu vi ele, mas ele não me viu como eu queria que ele me visse. Eu vi ele. Ele não me viu. Ele vê todo mundo. Eu só vejo ele. Eu vi ele sendo ele. Eu vi ele. Acredita? Eu vi ele. Ele. Eu vi ele e, meu Deus, como eu gostaria que eu ainda fosse dele.

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