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Quando eu beijo o meu amor.

  • oneprince.
  • 22 de abr. de 2016
  • 2 min de leitura

Os lábios queimam de amor. Os olhos já não enxergam mais. Os ouvidos se calam. A boca fica seca. O toque de evacuação do prédio é disparado. Não consigo enxergar a saída de emergência mais próxima. As mãos já não são mais minhas. O meu corpo está sendo puxado contra outro corpo. O cérebro joga sinalizadores pela garganta e distribui coletes salva-vidas. “Abandonar o navio, abandonar o navio”, o medo espalha o pânico. O coração está despreocupado, batendo forte e rindo do desespero dos outros. O rim oferece uma oferta irrecusável, mas nem um pouco tentadora. A temperatura volta ao normal, mas a confusão continua firme e forte. O pulmão insiste em suicídio. “Isso é um exagero”, grito, mas logo em seguida, tosso. Irritado com o atrevimento do órgão, pego um cigarro, coloco-o na boca e o acendo. O pulmão se cala e volta a funcionar. “Miseráveis”, o cérebro argumenta e continua “Preferem entrarem em pânico pelo o que está por vir do que se precaverem”. “Já aconteceu”, admite. “Não há nada que possamos fazer”, continua. “Idiotas, acalmem-se, os danos só afetam o seu dono e a mim, seus imbecis. A maioria de vocês são metáforas’’. O cérebro conseguiu abafar o caso. Todos confiaram nele, agarraram-se aos salva-vidas e ficaram aliviados. No entanto, nada que fizessem poderiam impedir o que viria acontecer. Meses depois, a mente enlouqueceu, o coração doeu, o pulmão ficou sem ar, o rim pediu água, o corpo abrigo e a metáfora exigiu um pedido de desculpas e uma retratação. O cérebro desculpou-se, retratou-se e garantiu que essa confusão nunca mais se repetiria. O coração abalado, não o escutou, não estava preocupado com os danos, mas sim, com o tempo que levaria para sentir-se mais uma vez daquela forma.



 
 
 

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