Você.

Você me fez crer que você seria meu namorado. Cativou minhas paranoias. Brotou minhas expectativas. Costurou o meu coração. Deu um tapa na minha autoestima e pendurou a minha alma nos céus. Você me fez viciar no cheiro de cigarro. Você me fez querer te beijar logo depois de você ter fumado maconha. Você me fez ver o outro lado da moeda. Você me fez checar várias e várias vezes a minha blusa para ir ao encontro do teu corpo que se deita e se cobre e não me vê, mas eu te vejo e te sinto, sinto você comigo toda vez que aprecio o seu perfume. Você fez a minha mente proclamar dependência quando vi e revi nosso beijo no pátio da igreja antes de dormir e pedir aos deuses um reencontro. Você me surpreendeu. Você me fez gostar de ter medo. Você me fez gostar de você. Você conseguiu me libertar de uma prisão para me colocar em uma maior. Você é como todos os outros. Só que mais preparado e melhor. Você tem mais armas. No entanto, os golpes são os mesmos. Você tem manias originais. Isso mexe comigo. Pontos pra você. Você me ignora. E isso é essencial. Você me irrita. Você sabe como jogar e como me convencer. Mais pontinhos pra você. Você parece saber como eu funciono, mas prefere me fazer parar de funcionar. Isso me conquista. Pontos pra você. Você que está com uma arma apontada na minha cabeça dizendo que eu devo insistir em você porque você é você. Você ainda não notou, mas já pode abaixá-la. Já não sou mais eu. O meu estúpido coração já não bate mais por mim. Já era, você não percebe? Vai ficar aí calado? Tudo bem. Fique. O quê quer que eu diga? O quê quer que eu demonstre? Fale comigo. Hein? Não me diga que dizer que me ama foi um truque barato para me convencer a ficar... Lembra? Você disse que eu era paranoico. Lembra que eu concordei e acrescentei “introspectivo e psicótico”. O que mais você quer de mim? Você? Você espera demais de mim.