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Subúrbio.

  • oneprince.
  • 16 de jun. de 2016
  • 2 min de leitura

Eu corro atrás dele, faço de tudo para que ele me dê uma segunda chance, tento de todas as formas fazê-lo esquecer da primeira. Fico excitado, sou muito bom nisso, realmente nasci para correr atrás dessa adrenalina do “talvez”, “pouco provável”, “impossível”, “nunca”, “eu não te quero”, “eu não te amo”, “eu não sinto a sua falta”, “você é nada pra mim”. Faço de tudo para conquistá-lo novamente: perco entrevistas de emprego; perco o horário do cinema; perco a série favorita; travo o filme no meio para vê-lo; esqueço do frio, desmarco com os amigos; furo com a família. Eu me sinto vivo nesses momentos, eu sinto uma felicidade estranha imundando o meu corpo de esperanças. Eu consigo, depois de diálogos silenciosos, monólogos inexistentes, tentativas frustadas e fatos assassinados, eu consigo… eu consigo uma nova oportunidade de ter alguém. Tudo estava indo tão bem. As conversas fluíam, eu não precisava tentar sozinho fazer aquilo dar certo, ele me apoiava, eu conhecia seus amigos, cada vez mais eu tinha conhecimento sobre as drogas, era um novo mundo sendo aberto bem na minha frente, tinha doces, cocaína, maconha, bebidas, cigarros. Eu estava bem ali, eu estava me acomodando, eu estava sentindo aquele medo de novo, o medo de invadir propriedades alheias e, cara, aquilo que era sentimento. Tinha o perigo de sempre ser pego me encarando e… tinha ele. Uma fonte inesgotável de cultura do mundo sujo. Eu sempre quis fazer parte disso e… e aí ele pira. Eu fico mal, estressado, indiferente, com dúvidas. De repente, já não estamos mais tão bem assim, já não estamos mais tão conectados um com o outro. Eu fico chato e tediante e paranoico e não consigo levar a relação adiante. Cobro coisas, ele não está nem aí, mostra indiferença, eu entro no jogo e ganho. O sentimento que eu tinha por ele se esvai de mim. Morre. Eu sinto alguma coisa, mas essa coisa está fraca e eu não estou mais alimentando-a. Está na hora de acabar, está na hora de seguir em frente, está na hora de voltar para o meu grande não-amor da Rua Acre, esquina com a Verde, 234, no Trindade.

 
 
 

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