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Punição.

  • oneprince
  • 2 de mar. de 2017
  • 1 min de leitura

acabei de lembrar da primeira vez que fui tocado, beijado, desejado por um homem, lembro das tentativas de me esquivar, lembro do desejo e de reprimi-lo…

toda vez que eu ficava doente, pensava que era porque eu

me relacionava com homens. “é deus me castigando”, imaginava. orava. perdia perdão por não seguir o caminho natural. e aceitava aquela dor. não tinha muito o que fazer. era a maneira de eu ser punido por ter fugido da realidade.

aos dezesseis comecei a escrever músicas, aos dezessete

cartas de amor e aos dezoito, a seguir o ramo - sem saber o que eu

estava fazendo ou sendo -, tive que me acostumar com dezenas de pessoas me rotulando de escritor, porém, a dúvida sempre me rondou: que te tornas um escritor? no fim, nunca aceitei que eu fosse um. carrego o fardo de não saber a merda que eu sou. de ter medo de não ser autêntico o bastante. bom o bastante. único o bastante.

que sou? bom.

sei lá.

ser escritor me fez fugir da realidade de ter um emprego que me faria me odiar. mas também, a profissão me ilhou. agora, se eu fosse capaz de acreditar em deus, poderia dizer que estou sendo castigado por, mais uma vez, ter fugido da realidade. e agora?

Que faço? não sobrou mais ninguém para culpar, exceto, eu.

sou o armagedom do meu mundo.


 
 
 

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