meter ou dar o rabo?

é outubro. continuo apostando nas gírias, são mais fáceis de aprender do que ficar chapado ou meter, por exemplo. desta maneira, respectivamente, não

alimento o tráfico e não passo vergonha.

de falas mansas e de gritos de dor, sou propício e relativamente tolerante.

falta dois meses para o final do ano e eu continuo, de forma incomplacente, indo em frente, tanto para as entrevistas de empregos tanto para as frases desconexas.

é janeiro. ano de novas conquistas, ano de aprender a beber e de fumar. ficar chapado e de dar o cu.

de escrever poemas.

de namorar e contrair amantes.

é março.

o tempo está se esgotando, e eu, o grande questionador, não sabe nem mais se ama as pessoas que, culturalmente, temos que amar

e obedecer.

é abril. sexta, digo, quarta-feira, alguns fazem aniversários, outros

comemoram a droga de um feriado nacional, ou pior ainda,

um feriado internacional.

enfim, não, hoje não é um dia especial.

é apenas mais um dia quente, de tempo fechado, abafado e terrivelmente medíocre.

é maio. não consigo me livrar dos mosquitos. nem do suor nem da tristeza. qual é? por que estou assim? por que me encaro como se eu fosse o maldito culpado? por que estou gritando comigo mesmo? por que estou

me dando tapas e socos? o que eu fiz?

é junho.

é junho. vai lá. diga. bem alto. vai. diga que é deus. diga que me julgará. diga que, pro inferno irei.

diga. diga. diga que tudo vai ficar bem; que o fim está chegando e que eu ainda

terei outra oportunidade de sorrir apaixonadamente; que vai dar tudo certo. diga que o céu é azul porque é a sua

cor preferida e que azul não é realmente

a cor do céu. diga. diga apenas. diga que estou ficando melhor!

é junho. gesticulo as mãos. fico perdido. cadê as palavras? olho para o teclado. não as sinto. CADÊ?

elas estão em fora de ordem.

ordeno-as e recomeço:

é junho. posso escrever sobre... ?