indivíduos.
- oneprince.
- 12 de ago. de 2017
- 2 min de leitura
encontrei-me com a kethin, todo molhado. não quis abraçá-la. kethin insistiu. nos abraçamos, perguntou-me se eu queria um doce, disse que sim. comprou-me uma paçoca. seu ônibus chegou, nos despedimos e me virei com um sorriso no rosto que vai morrendo com o tempo. sentei-me no banco, dei uma mordida na paçoca, de supetão, vejo um rosto próximo ao meu. não esboço reações de surpresa, mas de início, não entendo bem o porquê da aproximação. até que a sua mão foi de encontro com a minha paçoca. entrego-a inalando o cheiro de álcool. “tu estás bem?”, pergunto ao senhor enquanto se senta. não me responde, dá uma mordida na paçoca e se levanta.
olho para o lado e vejo um viado, pele branca, cabelo cinza-embranquecido, recém cortado, barba rala. se senta, olha para o lado, me vê, o encaro, me encara, rostos se desviam.
o senhor bêbado ressurge, olhares desconfiados e amedrontados são direcionado a ele. mas há um em especial, o de uma senhora que sussurra a outra dizendo que está o cuidando desde que chegou ali. seu pescoço está exausto e seus olhos atentos transpiram de medo pelo desconhecido.
o bêbado sai do terminal, vai de encontro com um cara que está fumando, provavelmente, para pedir um cigarro. o homem balança o dedo indicador negativamente. a mulher que está com ele fica inquieta. encara a tela do celular o tempo todo. ela o chama para entrarem. o cara concorda. o senhor os seguem. ele muda de ideia. o homem e o senhor começam a discutir.
o viado, de cabelo cinza-embranquecido se levanta, e eu, lamento a tua partida o seguindo com os olhos ardentes de desejo.
o bêbado torna ao terminal, segue até a banca de doces e volta para perto do homem e da mulher: agora há uma cerca verde de metal entre eles. o senhor resmunga, bate na divisória, sai de perto, volta, quando percebo, está abordando um jovem com um cigarro na boca.
vejo o claudete vindo pela avenida brasil. preparo-me para levantar, o viado, de cabelo cinza-embranquecido -
que já voltou ao seu lugar - se levanta, eu me levanto. o ônibus abre as portas, entramos e sentamos no fundo, cada um em uma extremidade.
o ponto dele se aproxima, se levanta, ajeita a calça em frente a porta, o ônibus para e ele desce.
enquanto a lotação arranca, noto-o atravessando a rua pela janela: calça de moletom marcando a bunda, camiseta preta, tamanho p, provavelmente, mochilas nas costas e olhar fixo pro horizonte, pois sabe que está sendo observado.
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