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I. E.

  • lucas d. ribeiro
  • 15 de ago. de 2018
  • 2 min de leitura

Gosto quando concordam comigo e adoro quando discordam de mim - e é aí que me frusto, pois eu não sei transparecer isso; eu amo quando me dão um novo ponto de vista porque é essencial navegar em mares desconhecidos, mas no ato da fala encarcerada, sou turrão, estúpido, incompreensível, um ser que perde a capacidade de raciocinar.


Às vezes, esqueço que sou um diplomata, pois o estresse, o rancor e a raiva me agarraram de tal forma que nem sempre consigo transformar a situação em uma grande piada. O pior é que ando novamente odiando as pessoas, criando um rancor descontrolado sobre indivíduos heterossexuais - do sexo masculino, principalmente. E se eu sei que há gays que são um pé no saco?, eu sei… E se eu sei que há algumas mulheres heterossexuais que são um uó?, eu sei também… Pessoas são grandes merdas se encontrando e se desencontrando… eu sei que não posso generalizar, todavia, generalizo. Odeio héteros, mas odeio acima de tudo, o poder que eles tem de validar um argumento ou de transformar qualquer palavra repleto de significado, nojenta. Outrora, eu me manteria longe de sentimentos ruins como esses, ãh... só que é complicado se manter longe de sentimentos ruins quando todos colaboram para cultivá-los ou até mesmo, alimentá-los.


Eu me sinto horrível quando percebo que a minha boca propagou um arquétipo, ou uma ofensa, ou uma grosseria, ou uma fofoca… "Já sei falar mal dos outros", penso, mas não ouso dizer em voz alta… Odeio quando falo demais, quando não consigo me manter quieto... é complicado se comunicar, não ter nada a dizer é covardia e falar demais é um problema a mais para carregar. Eu sou aquele que fica em cima do muro, e, merda!, eu não estou mais conseguindo ficar em cima do muro nessas situações. Eu quero conversar e conversar e conversar e se entender com a pessoa, mas nem todos são como eu (empático, compreensível e disposto a largar a arma de fogo) e eu não entendo o porquê.


A vida é um grande ponto de interrogação. Não tem muito o que fazer, caminhos para seguir tem vários, mas poucos garantem sucesso e ninguém quer arriscar. Eu não quero arriscar! Acomodei-me aqui e daqui não quero mais sair. Estou sofrendo por estar estagnado no mesmo lugar há anos, entretanto, o que posso fazer? Está bom ver o mundo se acabar de onde estou. Está confortável. Estou perto do palco. Estou na América, no Sul do Brasil. Aqui, por enquanto, está tudo verde, azul e branco. E lá vou eu, evoluindo aos poucos, largando os estereótipos, as frases racistas, a carne da alimentação, me atualizando na política, reciclando, economizando, reconhecendo meus erros e tentando, fracassadamente, obter inteligência emocional.


 
 
 

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